A compra do Expresso é um problema de memória
Na maioria das semanas não compro o Expresso. Aliás só compro o Expresso quando esqueço os artigos que li na última edição que comprei, quando esqueço quanto custa e quando esqueço a sua velocidade de leitura, cerca de 5 kg/hora.
Para além de um formato detestável o Expresso contém sempre um “arranjinho” por número. (entenda-se "arranjinho" como uma sucessão de artigos que sem o exprimirem directamente conduzam o leitor a pensar de uma certa forma). Recordo com especial carinho a tentativa de enaltecer a ombridade de um conhecido arquitecto, então, caído em desgraça.
Esta semana é Guterres.
Quem sabe se por constatarem, por motivos óbvios, a pouca credibilidade da personagem ou, por quererem estimular a esquerda para o eterno confronto interno, o Expresso, esforça-se por pôr a dita personagem na rampa de lançamento de uma candidatura dita de “centro-esquerda” às presidênciais. Para além de vários artigos que passam a mensagem nas entrelinhas, convocam aquele ex-ministro amigo de Souselas para o dizer.
Depois temos o notável editorialista.
“A esquerda chora lágrimas de crocodilo” sob a morte de Sérgio Vieira de Mello diz o iluminado… desenvolvendo uma série de reflexões de Americano com Gurkha. O que o senhor não pergunta é: “A quem é que serviu a morte de Sérgio Vieira de Mello?”
Que a memória não nos falhe!