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quarta-feira, julho 21, 2004
 


Até Agosto!
 
segunda-feira, julho 19, 2004
  FMI
Por motivos vários, redescobri o poema, agradeço a quem mo mostrou e ao Francisco Leitão por o ter online em FMI:



Cachucho não é coisa que me traga a mim
Mais novidade do que lagostim
Nariz que reconhece o cheiro do pilim
Distingue bem o mortimor do meirim
A produtividade, ora aí está, quer dizer
Há tanto nesta terra que ainda está por fazer
Entrar por aí a dentro, analisar, e então
Do meu 'attachi-case' sai a solução!

FMI Não há graça que não faça o FMI
FMI O bombástico de plástico para si
FMI Não há força que retorça o FMI

Discreto e ordenado mas nem por isso fraco
Eis a imagem 'on the rocks' do cancro do tabaco
Enfio uma gravata em cada fato-macaco
E meto o pessoal todo no mesmo saco
A produtividade, ora aí está, quer dizer
Não ando aqui a brincar, não há tempo a perder
Batendo o pé na casa, espanador na mão
É só desinfectar em superprodução!

FMI Não há truque que não lucre ao FMI
FMI O heróico paranóico 'hara-quiri'
FMI Panegírico, pro-lírico daqui

Palavras, palavras, palavras e não só
Palavras para si e palavras para dó
A contas com o nada que swingar o sol-e-dó
Depois a criadagem lava o pé e limpa o pó
A produtividade, ora nem mais, célulazinhas cinzentas
Sempre atentas
E levas pela tromba se não te pões a pau
Num encontrão imediato do 3º grau!

FMI Não há lenha que detenha o FMI
FMI Não há ronha que envergonhe o FMI
FMI ...

Entretém-te filho, entretém-te, não desfolhes em vão este malmequer que bem-te-quer, mal-te-quer, vem-te-quer, ovomalt'e-quer, messe gigantesca, vem-te vindo, vi-me na cozinha, vi-me na casa-de-banho, vi-me no Politeama, vi-me no Águia D'ouro, vi-me em toda a parte, vem-te filho, vem-te comer ao olho, vem-te comer à mão, olha os pombinhos pneumáticos que te orgulham por esses cartazes fora, olha a Música no Coração da Indira Gandi, olha o Muchê Dyane que te traz debaixo d'olho, o respeitinho é muito lindo e nós somos um povo de respeito, né filho? Nós somos um povo de respeitinho muito lindo, saímos à rua de cravo na mão sem dar conta de que saímos à rua de cravo na mão a horas certas, né filho? Consolida filho, consolida, enfia-te a horas certas no casarão da Gabriela que o malmequer vai-te tratando do serviço nacional de saúde. Consolida filho, consolida, que o trabalhinho é muito lindo, o teu trabalhinho é muito lindo, é o mais lindo de todos, como o astro, não é filho? O cabrão do astro entra-te pela porta das traseiras, tu tens um gozo do caraças, vais dormir entretido, não é? Pois claro, ganhar forças, ganhar forças para consolidar, para ver se a gente consegue num grande esforço nacional estabilizar esta destabilização filha-da-puta, não é filho? Pois claro! Estás aí a olhar para mim, estás a ver-me dar 33 voltinhas por minuto, pagaste o teu bilhete, pagaste o teu imposto de transação e estás a pensar lá com os teus botões: Este tipo está-me a gozar, este gajo quem é que julga que é? Né filho? Pois não é verdade que tu és um herói desde de nascente? A ti não é qualquer totobola que te enfia o barrete, meu grande safadote! Meu Fernão Mendes Pinto de merda, né filho? Onde está o teu Extremo Oriente, filho? Ah-ni-qui-bé-bé, ah-ni-qui-bó-bó, tu és 'Sepuldra' tu és Adamastor, pois claro, tu sozinho consegues enrabar as Nações Unidas com passaporte de coelho, não é filho? Mal eles sabem, pois é, tu sabes o que é gozar a vida! Entretém-te filho, entretém-te! Deixa-te de políticas que a tua política é o trabalho, trabalhinho, porreirinho da Silva, e salve-se quem puder que a vida é curta e os santos não ajudam quem anda para aqui a encher pneus com este paleio de Sanzala e ritmo de pop-xula, não é filho?
A one, a two, a one two three

FMI dida didadi dadi dadi da didi
FMI ...

Come on you son of a bitch! Come on baby a ver se me comes! Come on Luís Vaz, 'amanda'-lhe com os decassílabos que os senhores já vão ver o que é meterem-se com uma nação de poetas! E zás, enfio-te o Manuel Alegre no Mário Soares, zás, enfio-te o Ary dos Santos no Álvaro de Cunhal, zás, enfio-te o Zé Fanha no Acácio Barreiros, zás, enfio-te a Natalia Correia no Sá Carneiro, zás, enfio-te o Pedro Homem de Melo no Parque Mayer e acabamos todos numa sardinhada ao integralismo Lusitano, a estender o braço, meio Rolão Preto, meio Steve McQueen, ok boss, tudo ok, estamos numa porreira meu, um tripe fenomenal, proibido voltar atrás, viva a liberdade, né filho? Pois, o irreversível, pois claro, o irreversívelzinho, pluralismo a dar com um pau, nada será como dantes, agora todos se chateiam de outra maneira, né filho? Ora que porra, deixa lá correr uma fila ao menos, malta pá, é assim mesmo, cada um a curtir a sua, podia ser tão porreiro, não é? Preocupações, crises políticas pá? A culpa é dos partidos pá! Esta merda dos partidos é que divide a malta pá, pois pá, é só paleio pá, o pessoal na quer é trabalhar pá! Razão tem o Jaime Neves pá! (Olha deixaste cair as chaves do carro!) Pois pá! (Que é essa orelha de preto que tens no porta-chaves?) É pá, deixa-te disso, não destabilizes pá! Eh, faz favor, mais uma bica e um pastel de nata. Uma porra pá, um autentico desastre o 25 de Abril, esta confusão pá, a malta estava sossegadinha, a bica a 15 tostões, a gasosa a sete e coroa... Tá bem, essa merda da pide pá, Tarrafais e o carágo, mas no fim de contas quem é que não colaborava, ah? Quantos bufos é que não havia nesta merda deste país, ah? Quem é que não se calava, quem é que arriscava coiro e cabelo, assim mesmo, o que se chama arriscar, ah? Meia dúzia de líricos, pá, meia dúzia de líricos que acabavam todos a fugir para o estrangeiro, pá, isto é tudo a mesma carneirada! Oh sr. guarda venha cá, á, venha ver o que isto é, é, o barulho que vai aqui, i, o neto a bater na avó, ó, deu-lhe um pontapé no cu, né filho? Tu vais conversando, conversando, que ao menos agora pode-se falar, ou já não se pode? Ou já começaste a fazer a tua revisãozinha constitucional tamanho familiar, ah? Estás desiludido com as promessas de Abril, né? As conquistas de Abril! Eram só paleio a partir do momento que tas começaram a tirar e tu ficaste quietinho, né filho? E tu fizeste como o avestruz, enfiaste a cabeça na areia, não é nada comigo, não é nada comigo, né? E os da frente que se lixem... E é por isso que a tua solução é não ver, é não ouvir, é não querer ver, é não querer entender nada, precisas de paz de consciência, não andas aqui a brincar, né filho? Precisas de ter razão, precisas de atirar as culpas para cima de alguém e atiras as culpas para os da frente, para os do 25 de Abril, para os do 28 de Setembro, para os do 11 de Março, para os do 25 de Novembro, para os do... que dia é hoje, ah?

FMI Dida didadi dadi dadi da didi
FMI ...

Não há português nenhum que não se sinta culpado de qualquer coisa, não é filho? Todos temos culpas no cartório, foi isso que te ensinaram, não é verdade? Esta merda não anda porque a malta, pá, a malta não quer que esta merda ande, tenho dito. A culpa é de todos, a culpa não é de ninguém, não é isto verdade? Quer isto dizer, há culpa de todos em geral e não há culpa de ninguém em particular! Somos todos muita bons no fundo, né? Somos todos uma nação de pecadores e de vendidos, né? Somos todos, ou anti-comunistas ou anti-faxistas, estas coisas até já nem querem dizer nada, ismos para aqui, ismos para acolá, as palavras é só bolinhas de sabão, parole parole parole e o Zé é que se lixa, cá o pintas azeite mexilhão, eu quero lá saber deste paleio vou mas é ao futebol, pronto, viva o Porto, viva o Benfica, Lourosa, Lourosa, Marraças, Marraças, fora o arbitro, gatuno, bora tudo p'ro caralho, razão tinha o Tonico de Bastos para se entreter, né filho? Entretém-te filho, com as tuas viúvas e as tuas órfãs que o teu delegado sindical vai tratando da saúde aos administradores, entretém-te, que o ministro do trabalho trata da saúde aos delegados sindicais, entretém-te filho, que a oposição parlamentar trata da saúde ao ministro do trabalho, entretém-te, que o Eanes trata da saúde à oposição parlamentar, entretém-te, que o FMI trata da saúde ao Eanes, entretém-te filho e vai para a cama descansado que há milhares de gajos inteligentes a pensar em tudo neste mesmo instante, enquanto tu adormeces a não pensar em nada, milhares e milhares de tipos inteligentes e poderosos com computadores, redes de policia secreta, telefones, carros de assalto, exércitos inteiros, congressos universitários, eu sei lá! Podes estar descansado que o Teng Hsiao-Ping está a tratar de ti com o Jimmy Carter, o Brezhnev está a tratar de ti com o João Paulo II, tudo corre bem, a ver quem se vai abotoar com os 25 tostões de riqueza que tu vais produzir amanhã nas tuas oito horas. A ver quem vai ser capaz de convencer de que a culpa é tua e só tua se o teu salário perde valor todos os dias, ou de te convencer de que a culpa é só tua se o teu poder de compra é como o rio de S. Pedro de Moel que se some nas areias em plena praia, ali a 10 metros do mar em maré cheia e nunca consegue desaguar de maneira que se possa dizer: porra, finalmente o rio desaguou! Hão te convencer de que a culpa é tua e tu sem culpa nenhuma, tens tu a ver, tens tu a ver com isso, não é filho? Cada um que se vá safando como puder, é mesmo assim, não é? Tu fazes como os outros, fazes o que tens a fazer, votas à esquerda moderada nas sindicais, votas no centro moderado nas deputais, e votas na direita moderada nas presidenciais! Que mais querem eles, que lhe ofereças a Europa no natal?! Era o que faltava! É assim mesmo, julgam que te levam de mercedes, ora toma, para safado, safado e meio, né filho? Nem para a frente nem para trás e eles que tratem do resto, os gatunos, que são pagos para isso, né? Claro! Que se lixem as alternativas, para trabalho já me chega. Entretém-te meu anjinho, entretém-te, que eles são inteligentes, eles ajudam, eles emprestam, eles decidem por ti, decidem tudo por ti, se hás-de construir barcos para a Polónia ou cabeças de alfinete para a Suécia, se hás-de plantar tomate para o Canada ou eucaliptos para o Japão, descansa que eles tratam disso, se hás-de comer bacalhau só nos anos bissextos ou hás-de beber vinho sintético de Alguidares-de-Baixo! Descansa, não penses em mais nada, que até neste país de pelintras se acho normal haver mãos desempregadas e se acha inevitável haver terras por cultivar! Descontrai baby, come on descontrai, arrefinfa-lhe o Bruce Lee, arrefinfa-lhe a macrobiótica, o biorritmo, o euroscópio, dois ou três ofeneologistas, um gigante da ilha de Páscoa e uma Grace do Mónaco de vez em quando para dar as boas festas às criancinhas! Piramiza filho, piramiza, antes que os chatos fujam todos para o Egipto, que assim é que tu te fazes um homenzinho e até já pagas multa se não fores ao recenseamento. Pois pá, isto é um país de analfabetos, pá! Dá-lhe no Travolta, dá-lhe no disco-sound, dá-lhe no pop-xula, pop-xula pop-xula, iehh iehh, J. Pimenta forever! Quanto menos souberes a quantas andas melhor para ti, não te chega para o bife? Antes no talho do que na farmácia; não te chega para a farmácia? Antes na farmácia do que no tribunal; não te chega para o tribunal? Antes a multa do que a morte; não te chega para o cangalheiro? Antes para a cova do que para não sei quem que há-de vir, cabrões de vindouros, ah? Sempre a merda do futuro, a merda do futuro, e eu ah? Que é que eu ando aqui a fazer? Digam lá, e eu? José Mário Branco, 37 anos, isto é que é uma porra, anda aqui um gajo cheio de boas intenções, a pregar aos peixinhos, a arriscar o pêlo, e depois? É só porrada e mal viver é? O menino é mal criado, o menino é 'pequeno burguês', o menino pertence a uma classe sem futuro histórico... Eu sou parvo ou quê? Quero ser feliz porra, quero ser feliz agora, que se foda o futuro, que se foda o progresso, mais vale só do que mal acompanhado, vá mandem-me lavar as mãos antes de ir para a mesa, filhos da puta de progressistas do caralho da revolução que vos foda a todos! Deixem-me em paz porra, deixem-me em paz e sossego, não me emprenhem mais pelos ouvidos caralho, não há paciência, não há paciência, deixem-me em paz caralho, saiam daqui, deixem-me sozinho, só um minuto, vão vender jornais e governos e greves e sindicatos e policias e generais para o raio que vos parta! Deixem-me sozinho, filhos da puta, deixem só um bocadinho, deixem-me só para sempre, tratem da vossa vida que eu trato da minha, pronto, já chega, sossego porra, silêncio porra, deixem-me só, deixem-me só, deixem-me só, deixem-me morrer descansado. Eu quero lá saber do Artur Agostinho e do Humberto Delgado, eu quero lá saber do Benfica e do bispo do Porto, eu quero se lixe o 13 de Maio e o 5 de Outubro e o Melo Antunes e a rainha de Inglaterra e o Santiago Carrilho e a Vera Lagoa, deixem-me só porra, rua, larguem-me, zórpila o fígado, arreda, 'terneio' Satanás, filhos da puta. Eu quero morrer sozinho ouviram? Eu quero morrer, eu quero que se foda o FMI, eu quero lá saber do FMI, eu quero que o FMI se foda, eu quero lá saber que o FMI me foda a mim, eu vou mas é votar no Pinheiro de Azevedo se eu tornar a ir para o hospital, pronto, bardamerda o FMI, o FMI é só um pretexto vosso seus cabrões, o FMI não existe, o FMI nunca aterrou na Portela coisa nenhuma, o FMI é uma finta vossa para virem para aqui com esse paleio, rua, desandem daqui para fora, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe...

Mãe, eu quero ficar sozinho... Mãe, não quero pensar mais... Mãe, eu quero morrer mãe.
Eu quero desnascer, ir-me embora, sem ter que me ir embora. Mãe, por favor, tudo menos a casa em vez de mim, outro maldito que não sou senão este tempo que decorre entre fugir de me encontrar e de me encontrar fugindo, de quê mãe? Diz, são coisas que se me perguntem? Não pode haver razão para tanto sofrimento. E se inventássemos o mar de volta, e se inventássemos partir, para regressar. Partir e aí nessa viajem ressuscitar da morte às arrecuas que me deste. Partida para ganhar, partida de acordar, abrir os olhos, numa ânsia colectiva de tudo fecundar, terra, mar, mãe... Lembrar como o mar nos ensinava a sonhar alto, lembrar nota a nota o canto das sereias, lembrar o depois do adeus, e o frágil e ingénuo cravo da Rua do Arsenal, lembrar cada lágrima, cada abraço, cada morte, cada traição, partir aqui com a ciência toda do passado, partir, aqui, para ficar...

Assim mesmo, como entrevi um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila, o azul dos operários da Lisnave a desfilar, gritando ódio apenas ao vazio, exército de amor e capacetes, assim mesmo na Praça de Londres o soldado lhes falou: Olá camaradas, somos trabalhadores, eles não conseguiram fazer-nos esquecer, aqui está a minha arma para vos servir. Assim mesmo, por detrás das colinas onde o verde está à espera se levantam antiquíssimos rumores, as festas e os suores, os bombos de lava-colhos, assim mesmo senti um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila, o bater inexorável dos corações produtores, os tambores. De quem é o carvalhal? É nosso! Assim te quero cantar, mar antigo a que regresso. Neste cais está arrimado o barco sonho em que voltei. Neste cais eu encontrei a margem do outro lado, Grandola Vila Morena. Diz lá, valeu a pena a travessia? Valeu pois.

Pela vaga de fundo se sumiu o futuro histórico da minha classe, no fundo deste mar, encontrareis tesouros recuperados, de mim que estou a chegar do lado de lá para ir convosco. Tesouros infindáveis que vos trago de longe e que são vossos, o meu canto e a palavra, o meu sonho é a luz que vem do fim do mundo, dos vossos antepassados que ainda não nasceram. A minha arte é estar aqui convosco e ser-vos alimento e companhia na viagem para estar aqui de vez. Sou português, pequeno burguês de origem, filho de professores primários, artista de variedades, compositor popular, aprendiz de feiticeiro, faltam-me dentes. Sou o Zé Mário Branco, 37 anos, do Porto, muito mais vivo que morto, contai com isto de mim para cantar e para o resto.




Nota: FMI foi editado originalmente em 1982 no maxi Som 5051106, e reeditado em 1996 em 'Ser Solidário' ( EMI-Valentim de Carvalho).
 
sexta-feira, julho 16, 2004
 
Jorge Sampaio vetou a Lei de Bases da Educação.
Faz-me lembrar aquele Presidente de Câmara que licencia uma grande obra de especulação imobiliária; que sabe trazer nefastas consequências ambientais e de qualidade de vida para o seu município, e que por isso obriga o empreendedor a plantar umas miseráveis arvorezinhas no separador das vias...
 
 
Pacheco Pereira não aceitou o convite para ser Embaixador da UNESCO. Em tempos de aparelhismo partidário, aqui fica a homenagem.
 
 
Onde estava Sampaio no 25 de Abril?
- Após ouvir o comunicado do MFA, o actual Presidente da República, recolheu "disciplinadamente" a casa.
 
 
Sempre foi o "centrão" que definiu os destinos deste país. Aquela mole humana, pouco ou nada ideologizada, que nas eleições oscila entre o PS e o PSD, assegurando sempre que o fundamental das políticas não irá mudar.
Foi esse "centrão" que por uma escassa maioria colocou Durão Barroso como Primeiro-Ministro, resolveu dar a maioria à direita na Câmara Municipal de Lisboa, elegendo Santana Lopes para seu Presidente e escolheu votar "à esquerda" em Sampaio para Presidente da República derrotando o candidato da direita.
Contudo o voto desse "centrão" passou agora a valer menos. Já não decidem quem decide. Durão Barroso foi-se embora de Primeiro-Ministro, Santana Lopes deixou de ser o Presidente da CML e depois do "centrão" ter punido a direita nas eleições europeias, o Presidente da República (não se tendo ido embora) optou por se passar para o outro lado.
O "centrão" já não manda aqui.
 
quinta-feira, julho 15, 2004
 
Um novo blog das arquitecturas: critica de arquitectura
 
 
w.w.w@r
Império


"Na Cidade do Rock; três minutos pela Paz e por um Mundo Melhor".
É deste modo que nos é apresentado, no início do séc. XXI, um evento musical que pretende acolher as maiores estrelas do momento dentro de uma área reservada numa qualquer cidade. Na sua propaganda, e diria que também na sua essência, está a ideia de construir uma "outra cidade". Uma cidade que funcione (para quem nela tem oportunidade de viv€r) sob a forma de palco para a catarse humana revestido das mais etéreas preocupações mundiais. Esta "outra cidade" (dentro da velha) é projectada em função dos seus limites e das suas portas, tanto como forma de controlo de acessos como com o intuito de estar melhor defendida. No seu interior existe uma outra ordem que é visível, desejada e absorvida.
Iniciando com o exemplo da cidade que foi construída para o Rock in Rio - Lisboa, parece-me interessante analisá-la enquanto "ideal etéreo" (sem pobreza, migrações ou contestação) daquilo a que alguns pensadores têm vindo a definir como Império.
Poderia ser interessante estabelecer uma relação com o mundo que Arundhati Roy desconstrói através da parábola que faz com o exemplo do Frying Pan Park .
Foucault reconhece a natureza biopolítica da condição desta "nova cidade". O Biopoder encarrega-se de reger e regulamentar o interior da vida social, seguindo-a, interpretando-a, assimilando-a e reconstruindo-a. Deste modo a vida torna-se um objecto de poder, à medida que a sociedade disciplinar (das fábricas, prisões e escolas) vai sendo substituída pela sociedade de controlo (dos mecanismos "democráticos" de integração e comportamento). Para Deleuze e Guattari o problema não estaria em saber porque se revoltam as pessoas mas sim porque não se revoltam, porque não contestam.
No fundo, apetece refazer a pergunta que Nietzsche fez no séc. XIX; onde estão os bárbaros do século XX?
Contudo, nesta breve dissertação, o exemplo anteriormente utilizado não pretende ser mais do que uma forma de introduzir o livro de Michael Hardt e Antonio Negri - "Império", partindo de um exemplo concreto de construção pós-moderna. Na opinião de pensadores como Michael Hardt e Antonio Negri este é o Império que se movimenta. Concorde-se ou não com a substância das questões e teses defendidas no livro esta obra é de irrefutável interesse para académico e científico para a análise do mundo em que vivemos.
Publicado originalmente em 2000 pela "The President and Fellows of Harvard College", o "Império", teve posterior e profusa difusão na Europa . O livro, chega a Portugal numa primeira fase através da sua editora brasileira e, em Abril de 2004, pela mão da editora "Livros do Brasil" .
Na versão portuguesa o livro é-nos apresentado do seguinte modo: "(...) Império é uma obra-prima de filosofia política e assume-se como uma verdadeira utopia. De certo modo, é um novo manifesto comunista". O tom épico da descrição encerra em si mesmo a forma como não o pretendemos abordar. No contexto de uma disciplina de História do Urbanismo, na qual as discussões nos levaram continuamente para a contemporaneidade e em que o elemento central foi inevitavelmente a Cidade, interessa-nos partir para a análise deste livro respeitando as premissas que vêm definidas no seu preâmbulo:
"Procurámos adoptar (...) uma abordagem tão interdisciplinar quanto possível. A nossa concepção visa ser ao mesmo tempo filosófica e histórica, cultural e económica, política e antropológica. Por um lado o nosso objecto de estudo requer uma interdisciplinariedade alargada, uma vez que, no Império, as fronteiras que poderiam justificar uma abordagem disciplinar estreita são cada vez menos numerosas" - pp. 16 da versão portuguesa.
O livro está organizado em quatro partes. Na primeira parte é introduzida a problemática do Império. Nas partes dois e três, reflecte-se sobre a passagem da Idade Moderna para a Pós Modernidade, ou do Imperialismo ao Império. A parte dois é consagrada à cultura e à história das ideias, sendo o objecto da terceira parte a descrição das transformações das formas de produção. Entre a segunda e a terceira parte, é feito um Intemezzo, que funciona como um elemento de charneira onde se abordam as anteriores formas de "Contra-império". Os autores justificam este elemento como um movimento que leva de um ponto de vista ao outro, tal como o faz Marx n'"O Capital", quando se passa dos sistemas de troca à produção. No quarto capítulo procura-se identificar os elementos que poderão levar à queda e declínio do Império.
Nesta dissertação procura-se fazer uma reflexão critica às teses que estarão mais próximas daquilo que é o objecto de estudo da disciplina.
Existe uma ideia generalizada de que o mundo está em Crise.
À retórica da crise têm aparecido associados uma série de discursos explicativos ora de índole económica, ora de valores, ora de vanguardismos mais ou menos intelectualizados, ora provenientes das áreas científicas que estudam a cidade. Mas será que o mundo não tem estado sempre em crise?
Negri e Hardt defendem que um dos princípios inerente à caracterização da Idade Moderna é esse sentimento de crise permanente. Numa visão centrada na Europa, estes autores encontram na modernidade dois conceitos não unitários. O primeiro denominam-no como o processo revolucionário radical, que se caracteriza pela ruptura para com o passado proclamando o paradigma do novo mundo e da vida, centrado na investigação científica e colocando a Humanidade e o Desejo no centro da história. Esta primeira acção é identificada enquanto elemento gerador. O segundo modo da modernidade é concebido de uma forma antagónica para implantar um poder dominante. Opõe-se assim a lógica portadora dos sinais de progresso e de cultura humanista, à lógica terrena de conquista e eliminação da novidade pela força. A crise e o conflito entre estes dois processos são motores da modernidade desvirtuando-se assim, a ideia da sua excepcionalidade ou sazonalidade.
A retórica da crise e do conflito constitui o corpo teórico/discursivo de aceitação da Guerra , fundamentação que na actualidade é levada a extremos jamais vistos. O invariável alerta vermelho, produz uma sensação global de insegurança e destruição, que pode vir a afectar de uma forma determinante a pratica da arquitectura.
As cidades transformam-se no palco privilegiado das operações militares e das principais batalhas, perdendo o seu secular sentido de protecção. A cidade contemporânea tende a perder o motivo que levou os primeiros homens a associarem-se em comunidade que seria o da sua própria protecção - esta cidade transformar-se num alvo mais fácil.
Num interessante artigo Swanford Kwinter e Daniela Fabricius, sobre a cidade dos EUA intitulado "American City" , é referido que 70% do orçamento anual da cidade de Atlanta (Florida) é gasto em vedações e portões. Torna-se assim emergente e aceite uma cultura de Guerra alicerçada na exacerbação de elementos de defesa e no culto da insegurança. Esta estética é cada vez mais aceite e difusa; do brinquedo metralhadora, ao muro com arame farpado ou ao automóvel particular:
"In the 90's, the American car industry was marked by a radical transformation: SUV's began to dominate car sales until they represented over 60% of passenger car industry profits. The modern SUV is hardly more than a 'repurposed' World War II infantry and assault vehicle adapted for urban professionals to extend the garrison-style security of their suburban homes to the new concept of a roaming enclave. Urban dwellers now roam in America and Japanese versions of the original British Rover (engine of the British colonial adventure in Africa), like tourists patrolling their own cities made wild and menacing now their own deliberate neglect.
SUV culture expresses at the same time an ambiguous contempt and hostility for metropolitan existence as well as a longing for redemption of the urban soul through equipment…
As an extension of the post-war station wagon - the first car directly marketed for women (now experienced in operating machinery from their role in wartime munitions factories - nearly 60% of SUV's in the city today are driven by women."
Sobre esta nova estética de guerra e insegurança, será ainda interessante analisar o caso do Ground Zero em Nova Iorque. Num artigo da Times Online publicado dois anos após o 11 de Setembro no seu caderno "Travel" (06-09-2003), James Bone explica como espaços de tragédia se transformam em lugares de peregrinação, referindo por exemplo ao facto que o Ground Zero ser actualmente mais visitado do que eram as Twin Towers.
A crise enquanto retórica ajuda a construir a estética de guerra e o urbanismo da insegurança, sendo esta ideia melhor explicada por Negri e Hardt quando desenvolvem o conceito de Guerra Justa (bellum juste) .
Geralmente este conceito é associado aos antigos impérios, sendo que conseguimos encontrar a sua complexa genealogia nas tradicionais interpretações da Bíblia .
Entretanto este conceito reapareceu no léxico político primeiro com a Guerra do Golfo, depois nos Balcãs, Afeganistão e actualmente no Iraque. A Guerra Justa é baseada na ideia que quando um Estado é ameaçado por uma agressão que seja passível de ferir a sua integridade ou território, pode utilizar o jus ad bellum, o direito de declarar guerra enquanto resposta a uma agressão. O conceito desvaloriza a noção de guerra, transformando-a numa ferramenta ética para atingir a paz perpétua. Os fins justificam os meios. A necessidade de segurança, legitima todo o investimento que o Estado possa fazer na sua defesa, seja como aparelho de controlo interno ou ataque ao possível inimigo. A chave da prevenção passa a ser "act before it happens" .
Se qualquer Sistema Judicial pode ser visto à luz do método como uma estrutura de valores é cristalizada e a Ética como uma parte material do fundamento jurídico, vivemos uma época em que existe uma quase total coincidência entre o elemento jurídico e ético. Expressões como "Guerra Humanitária", "Danos Colaterais" ou "Guerra ao Terrorismo" fazem parte da retórica da Guerra Justa.
Uma das características fundamentais da Guerra Justa é a clareza com que se pretende definir os dois campos opostos, O Bom ou o Mau, o Deus ou o Diabo, o lado da Paz ou o lado do Terrorismo. Estes argumentos e artifícios são utilizados por ambas as partes, sendo mais refinados de acordo com o respectivo fundamentalismo religioso .
Conforme já foi referido as cidades transformaram-se nos principais palcos do clima de guerra permanente. Sendo assim, a arquitectura e o urbanismo, desempenham um papel fundamental no desenho das tácticas de guerra, tanto pela forma como se construiu como na forma da sua destruição.
Na Bósnia, a destruição dos edifícios de uso público (mesquitas, cemitérios e praças) seguia um antigo preceito do planeamento; a ordem social não se manterá apartir do momento em que sejam destruídos os locais de uso colectivo. Em Bagdade a lógica partiu da anulação de todas as redes infra-estruturais que a abasteciam - estradas, redes eléctricas e sistemas de abastecimento de água. Em Belgrado procurava-se a vitória psicológica, os principais alvos eram os monumentos e os edifícios de maior identidade cultural. A substituição, de uma anterior infra-estrutura, utilizando-a para os mesmos fins, foi a estratégia assumida em Jenin, quando os bulldozers irromperam nos campos de refugiados tomando as estradas e "limpando" tudo o que as circundava, aumentando a escala dos vazios para melhor controlar a zona. Aliás é paradigmático constatar os inúmeros arquitectos e engenheiros civis que desempenham postos de comando avançado no exército israelita.
Outra face do discurso de Negri e Hardt é o ataque à ideia de Estado Nação, sendo este um dos pontos de mais acesa polémica .
Os dois autores defendem que o Império emerge do crepúsculo dos colonialismos e da soberania moderna. A sua definição de Império, implica o não estabelecimento de um centro territorial de poder ou fronteiras fixas. A estruturação de um aparelho descentralizado e desterritorializante de governo que progressivamente integre o espaço do mundo inteiro em continua expansão e movimento. Uma das características fundamentais, defendem, é a constatação a todo o momento da existência do terceiro mundo no primeiro e vice-versa.
Assim, constrói-se um sistema de conflitos e em que o seu contraditório serve para reforçar a retórica de ofensiva. Ao mesmo tempo a nova ordem resultante, legitimada pela prevenção, defesa e segurança, assiste à escalada dos actos de guerra e conflitos como um processo natural, ao qual é preciso responder ainda com maior intensidade.
O sistema surge então como um centro que suporta a globalização e todas as suas redes de produção e de distribuição económica, construindo uma grelha que absorve e ordena todas as relações de poder mais significativas. Os Estados só têm interesse enquanto peças operacionais do sistema. Contudo o seu papel é determinante na disposição dos meios de controlo dos "bárbaros" que ameaçam a Ordem. Os "bárbaros" podem ser grupos de fundamentalistas islâmicos ou movimentos pacifistas, pois neste contexto ambos servem para justificar medidas de excepção e procedimentos administrativos ou militares. Negri e Hardt concluem que, tal como Marx refere ser melhor o capitalismo que o feudalismo, o Império é melhor que os Estados Nações soberanos - sendo esta uma das principais teses do livro. Neste contexto ganha especial relevância o papel da Cidade (ou dos aglomerados urbanos) enquanto elemento central de estruturação das vidas.
A ONU prevê que, em 2010, ¾ da população mundial viva em aglomerados urbanos.
Correndo o risco de deixar a cientificidade académica em prol da futurologia, permitimo-nos afirmar que a principal entidade do futuro será a cidade, sobre a forma desses aglomerados urbanos constituídos por centros mais ou menos históricos e alicerçados em enormes massas construídas que se desenvolvem nas suas periferias. É neste ponto que referimos a principal tese defendida (sendo também a menos desenvolvida) em que se defende a existência de um sujeito social emergente que será decisivo para a transformação do mundo: a multidão .
Na definição deste sujeito social procura-se englobar o proletariado, na versão marxista, reconhecendo as alterações nas formas de produção e das relações de trabalho. Por outro lado a entidade povo seria demasiadamente estática e fixa. Assim, pretende-se definir o sujeito multidão como uma massa humana em movimento perpétuo. É inevitável comparar este raciocínio, com o elogio de Rem Koolhaas à urbanidade de Lagos na Nigéria .
Conforme temos procurado arguir a geopolítica pós-moderna, na arquitectura e no urbanismo, está a produzir uma alteração fundamental das respectivas ciências. Seja pelo mundo das cidades inseguras, seja pela estética da destruição, seja pelos muros que reforçam e determinam diferenças, seja pelo devastar de malhas consolidadas...
A prática destas profissões irá, com certeza, sofrer alterações drásticas nos próximos anos e poderá estar no âmbito destas duas ciências a possibilidade de construção de novos caminhos e soluções. Se assim não for, cingir-se-ão à conivência com as mais violentas batalhas .

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1. Parque onde, anualmente, o Presidente dos EUA liberta o peru que escolheu poupar por ocasião de Dia de Acção de Graças, revestindo-se este ritual de uma simbologia de misericórdia guerreira. Retirado da intervenção de Arundhati Roy na abertura do III Fórum Social Mundial na Índia: Roy, Arundhati. Do Turkeys Enjoy Thanksgiving? A Global Resistance to Empire (http://zmag.org/content/showarticle.cfm?SectionID=15&ItemID=4873) 24 de Janeiro de 2004 [citado em Fevereiro de 2004].

2. Negri, Antonio e Hardt, Michael (2001)."Impero - Il nuovo ordine della globalizzazione". Tradução de A. Pandolfi. 1ª Edição ed. Biblioteca Universale Rizzoli, Milão. Publicado originalmente por "The President and Fellows of Harvard College" 2000

3. Negri, Antonio e Hardt, Michael (2004)."Império" .Tradução de M. S. Pereira. 1ª Edição ed, Rupturas. Livros do Brasil, Lisboa. Publicado originalmente por "The President and Fellows of Harvard College" 2000.

4. Os autores falam do desejo, contudo enaltecem também a perspectiva de Spinoza que fala do Amor em vez do Desejo em: Spinoza, Baruch (1985)."Ethics". Edited by E. Curley. Vol. I. Princeton University Press, Princeton.

5. A Guerra não surge com a modernidade; o que é novo na modernidade é o desejo colectivo da Paz

6. Kwinter, Sanford, e Daniela Fabricius. "The American City." In Mutations, editado por Rem Koolhaas, pp. 484-629. Barcelona/Bordeaux: Actar, 2000.

7. Kwinter, Sanford, e Daniela Fabricius. "The American City." In Mutations, editado por Rem Koolhaas, pp. 574. Barcelona/Bordeaux: Actar, 2000.

8. Note-se que o "Império" foi escrito no ano de 2000 conforme é referido no seu Preâmbulo: "Este livro começou a ser escrito bastante depois do fim da Guerra do Golfo e foi concluído bastante antes da Guerra do Kosovo"

9. Sobre esta questão, os autores do "Império", remetem frequentemente para Michael Walzer: Walzer, Michael (1992)."Just and Unjust Wars". 2ª Edição. Basic Books, New York.

10. Noção muito explorada no filme de Steven Spielberg - "Minority Report" (2001)

11. Sobre a religiosidade e o papel de Deus no 11 de Setembro é muito interessante ler o artigo de Saramago publicado no PÚBLICO de 18 de Setembro de 2001 e integralmente reproduzido em: Saramago, José. "O factor Deus." In O Império em Guerra, edited by R. Herrera, pp. 227-230. Lisboa: Campo das Letras, 2002. Original Published Le Temps des Cerises 2001.

12. De Pacheco Pereira a Francisco Louçã o ataque que Negri e Hardt fazem ao conceito de Estado Nação tem sido violentamente criticado. Francisco Louçã e Jorge Costa no seu livro "A Guerra Infinita" dedicam-lhe inclusivamente um capítulo, defendendo que o centro do Império é identificável nos interesses de um Estado Nação, criticando assim a ideia de não-lugar e desterritorialização com que Hardt e Negri caracterizam o Império.

13. "The west, often for reasons of economic expansion, has been curious about other civilizations. The Greeks referred to those who did not speak their language as barbarians, that is stammerers, as if they did not speak at all. But a few more mature Greeks, like the Stoics, noticed that although the barbarians used different words, they referred to the same thoughts." Umberto Eco, "The Roots of Conflict", publicado na "CounterPunch", 15 de Outubro de 2001

14. Nalguns textos em português aparece-nos traduzido como "multitude". Julgo que na versão original se refere o termo italiano "multitudine", sendo a sua mais correcta tradução multidão.

15. Embora exista um livro em preparação sobre Lagos no âmbito das publicações "Harvard Project on the City", Rem Koolhaas tem vindo a publicar alguns artigos sobre o seu fascínio por aquela cidade. Julgo que um dos mais aprofundados seja: Koolhaas, Rem and School, Harvard Design. "Lagos." In Mutations, edited by R. Koolhaas, pp. 650-720. Barcelona/Bordeaux: Actar, 2000.

16. Sobre o papel do arquitecto em acções de guerra é muito interessante o texto do arquitecto Eyal Weizman publicado no último livro de Rem Koolhaas: Weizman, Eyal. "The Evil Architects Do." In Content, edited by R. Koolhaas, pp. 60-63. Koln: Taschen, 2004.
 
quarta-feira, julho 14, 2004
 
Com a ida de PSL para S. Bento os posts, parece que se fazem sozinhos...
 
 
O Presidente da República tem, nos últimos dias, procurado fazer difundir a ideia junto da esquerda que teria receio que Santana Lopes pudesse vir a sair vencedor, no caso de eleições antecipadas, legitimando assim uma nova maioria bastante mais à direita. É triste quando se chega a esta idade e se deixa de acreditar nas pessoas e na democracia...
 
segunda-feira, julho 12, 2004
 
Um texto de fundo sobre a corrente social democrata do Bloco de Esquerda.
 
 
Mas que partido é este de que fala Vital Moreira?
 
domingo, julho 11, 2004
 
Um texto bonito da Ana Gomes sobre a Maria de Lourdes Pintasilgo e um texto brilhante do Vital Moreira
 
 
Sampaio fez ao PS, aquilo que a lota de Matosinhos fez a Sousa Franco.
O Presidente da República não fez mais do que benefeciar os aparelhos partidários (tanto do PS como do PSD).
 
sábado, julho 10, 2004
  Ainda pior que a decisão foi a retórica de argumentação
Sampaio mentiu:
A sociedade civil não estava dividida entre quem defendia as eleições e quem defendia Santana Lopes para Primeiro Ministro. O PSD é que estava!
 
  Roubam-nos o direito ao voto; Reclamemos o direito à rua!
AMANHÃ, DOM11JULHO. MANIFESTAÇÕES EM TODOS O PAíS. À FRENTE DO PALÁCIO DE BELÉM E EM FRENTE AOS GOVERNOS CIVIS DAS CIDADES DO PAÍS. ÀS 19H00
 
sexta-feira, julho 09, 2004
 
Jorge Sampaio ouviu toda a gente, só se esqueceu de ouvir os portugueses.
 
  A Retórica da Justificação
Pela primeira vez na história do pós-25 de Abril o Presidente da República manifestou o seu apoio às políticas de uma coligação de partidos no Governo. O Presidente da República manifestou a sua firme convicção que aquelas políticas seriam as melhores para o país. Do discurso do Presidente da República é clara a sua opção pela estratégia do governo, entretanto demissionário, em prol de outra e qualquer política ou de outra e qualquer visão para o país.
Na eminência da derrota o Presidente da República resolveu pela decisão unilateral, anti-democrática e ditatorial.

O Sr. Presidente da República esta noite, deixou de ser o Presidente de todos os portugueses.
 
 
Ana Gomes (sempre gostei dela):
"... Tenho vergonha de ter votado no Dr. Jorge Sampaio..."
"... uma Maioria, um Governo, um Presidente..."

 
 
Sampaio depois de dizer o que disse, troca umas palavras com os jornalistas à porta de casa - "Não quero falar"... "não quero comentar"... "DESCULPEM" - diz. Sente vergonha.
Shame on you Mr. Sampaio.
Shame on you
 
 
UM POST DO RANDOMBLOG PROFUNDO... UM POST PESSOAL

Afinal não tinha razão. Errei. Tudo me levava a acreditar nas eleições antecipadas. Por todos os argumentos que já dei, mas sobretudo por, naturalmente, acreditar nas pessoas.
Votei em Sampaio e foi com entusiasmo que o vi vencer as eleições.
Hoje, Sampaio foi para a prateleira de José Luis Judas. Aqueles em que acreditei e que mais tarde me vieram a trair com persistência.
Sampaio deu o golpe. Mas nós ficamos para resistir.
 
quinta-feira, julho 08, 2004
 
«Às vezes deixo de fora o arquitecto e coloco o carregador, porque é ele que pode ajudar a equipa a atingir o objectivo»
Giovanni Trapattoni

Deste senhor não se podia esperar outra coisa. Este Benfica versão 2004 - compra, vende, empresta e rouba, é uma miséria. Primeiro o Opus Dei Trapattoni, depois compraram três guarda-redes literalmente iguais, com o mesmo nível de ambições e perspectivas, a única coisa certa é que dois serão para queimar.

Non c'è la faccio piú!
 
 


"A fortaleza de Mazagão, em El Jadida - Marrocos - construída pelos portugueses no início do século XVI, é um dos lugares que a UNESCO acaba de considerar património mundial da Humanidade."

notícia retirada ao bazonga da kilumba
 
quarta-feira, julho 07, 2004
 
Jorge Sampaio cancela férias na Indochina


Lisboa, 07 Jul (Lusa) - O Presidente da República, Jorge Sampaio, cancelou as férias que tinha previsto gozar entre 11 e 23 de Julho na península da Indochina, disse hoje à agência Lusa fonte de Belém.
A decisão deve-se "unicamente à situação política" em Portugal, acrescentou a mesma fonte.
A Assembleia da República já tinha autorizado, por unanimidade, o Presidente da República a ausentar-se do país naquele período.
O chefe de Estado tem estado a receber personalidades e a consultar os partidos com assento parlamentar na sequência da demissão do primeiro-ministro, José Manuel Durão Barroso, que irá presidir à Comissão Europeia.
O Presidente da República poderá ainda convocar uma reunião do Conselho de Estado para avaliar as diversas opiniões sobre a crise política, apesar de ter já ouvido em Belém a maioria das personalidades que integram aquele órgão.
Jorge Sampaio terá de decidir se dissolve a Assembleia da República e convoca eleições legislativas antecipadas ou se convida o PSD (partido mais votado em 2002) a formar um novo governo.

JPS.

Lusa/Fim


Para mim, Sampaio já se decidiu - vamos ter eleições. Os membros do Conselho de Estado já foram quase todos ouvidos nas conversas que o Presidente da República tem tido nos últimos dias. Sendo assim a convocação do Conselho de Estado é, unicamente, o início do processo constitucional para a destituição do Governo e marcação de eleições antecipadas.
 
 
Recebido por email:

"Vejamos o processo de nomeação do futuro presidente da UE.
1.- A UE tem 25 Estados membros. Mas como desses apenas 12 participam em todas as politicas da UE, o presidente da Comissão Europeia só pode ser escolhido entre 12 e não entre 25.
2.- Desses 12 Estados membros há 3 (França, Itália, Bélgica) que são excluidos pois já tiveram um presidente da comissão no passado. Ficam apenas 9.
3.- Desses 9 Países há 5 (Alemanha, Espanha, Holanda, Irlanda, Grécia) que ficam excluídos à partida pois já detêm cargos de relevância na UE. Ficam 4 Países.
4.- Dos 4 Países que ficam, foi convidado oficialmente o primeiro ministro do Luxemburgo, que recusou o cargo alegando que tem um compromisso com o eleitorado do Luxemburgo. Ficam portanto três Países: Austria, Finlândia e Portugal.
5.- Uma das imposições para se ser presidente da comissão europeia é falar Inglês e Francês. Ora mais de 99% dos Austriacos e dos Finlândeses não sabem falar Francês e Inglês. Restava pois Portugal. Como de costume no último lugar e por exclusão de partes.
E ainda há entre nós quem diga que é uma honraria Portugal ocupar este cargo. Se a saloice matasse, Portugal seria um cemitério de saloios."
 
terça-feira, julho 06, 2004
 
"Não vamos obrigar as pessoas a aturar outra campanha: os pais a levarem os filhos à escola e darem de caras com a minha cara e com a do dr. Ferro Rodrigues"
PSL, 5 de Julho de 2004
 
segunda-feira, julho 05, 2004
 
A selecção ideal da UEFA

Guarda-redes: Petr Cech (Rep. Checa), Antonios Nikopolidis (Grécia);

Defesas: Sol Campbell (Inglaterra), Ashley Cole (Inglaterra), Traianos Dellas (Grécia), Olof Mellberg (Suécia), Ricardo Carvalho (Portugal), Georgios Seitaridis (Grécia), Gianluca Zambrotta (Itália);

Médios: Michael Ballack (Alemanha), Luís Figo (Portugal), Frank Lampard (Ing), Maniche (Portugal), Pavel Nedved (Rep. Checa), Theodoros Zagorakis (Grécia), Zinédine Zidane (França);

Avançados: Milan Baros (Rep. Checa), Angelos Charisteas (Grécia), Henrik Larsson (Suécia), Cristiano Ronaldo (Portugal), Wayne Rooney (Inglaterra), Jon Dahl Tomasson (Dinamarca), Ruud van Nistelrooy (Holanda);
 
 
Desde ontem o blog de Michael Moore
 
 
Uma boa notícia nunca vem só e desta vez até vem mal acompanhada:
"Durão Barroso demite-se... mas fica primeiro-ministro até à próxima semana"
 
 
Pois é... a vitória não sorriu.
Segundo um amigo italiano este foi o primeiro europeu de futebol no-global... com a vitória de um futebol operário - acrescento.
 
domingo, julho 04, 2004
  Portugal - Grécia
Esta é a final dos países do calor.
A chegada de Portugal e Grécia à final é a consagração da mediterraneidade, só comparável se também chegasse um selecção da Sicilia.
É a final dos pobres da Europa dos países da alfarroba e das laranjas (porra! Agora... Se o vejo com a mesma gravata... não respondo por mim...)
 
sábado, julho 03, 2004
  A Escolha de Sampaio
Após Santana Lopes ter sido eleito para a Presidência do PSD, Sampaio tem duas hipóteses; ou escolhe ele ou deixa os portugueses decidir.
 
sexta-feira, julho 02, 2004
 
PETITION ONLINE
ANTECIPADAS JÁ!
 
 
OS PARTIDOS:

(o site do PS apresenta um Comunicado de dia 15 de Junho de 2004 sobre as eleições europeias)

"O PCP apela vivamente aos trabalhadores, aos democratas, a todos os portugueses e portuguesas para que não aceitem ser espectadores passivos da actual crise política, antes intervenham pelas mais diversas formas para reforçar o protesto e o combate à política do Governo ainda em funções, e para exigir decisões clarificadoras que signifiquem a derrota das manobras desencadeadas para a instalação de um outro governo PSD-CDS, ao arrepio das aspirações populares e das necessidades do País, inequivocamente expressas na votação do passado dia 13 de Junho."
Comunicado do Comité Central do PCP
28 de Junho de 2004

"Nestes dias de crise, temos que escolher entre a democracia e a partidocracia, entre as eleições livres e a usurpação do poder, entre o continuismo e a clarificação. Nós escolhemos a democracia, a responsabilidade das eleições livres e a clarificação."
Francisco Louçã
30 de Junho de 2004
 
 
ELEIÇÕES ANTECIPADAS SÃO IMPERATIVO NACIONAL

O Primeiro-Ministro anunciou ao País a decisão de aceitar o convite para se candidatar à Presidência da Comissão Europeia, o que implica a sua demissão da chefia do Governo PSD/PP.
Portugal vê-se, assim, confrontado com uma crise política que é da exclusiva responsabilidade de Durão Barroso e do PSD.
O abandono de Durão Barroso da chefia do Governo é, pois, indissociável do facto de estarmos perante um Governo plenamente desgastado e que acaba de sofrer uma derrota eleitoral que traduz: (i) a rejeição da actual coligação; (ii) o forte descontentamento popular face às políticas desastrosas para os trabalhadores e para o País que vêm sendo seguidas; (iii) uma exigência de mudança.
O País precisa agora de caminhos que conduzam à estabilidade política e à estabilidade da vida dos cidadãos e das famílias. Tais objectivos não são possíveis de atingir com um governo de remendos que emane de uma coligação derrotada, para continuar a mesma política, com mais ou menos populismo.
A realização de eleições antecipadas é, assim, um imperativo nacional.
A CGTP-IN apela a todos os trabalhadores, a todos os democratas, às organizações políticas e sociais, ao povo português, no sentido de manifestarem a sua total discordância relativamente à manutenção da coligação governamental PSD/CDS-PP, qualquer que seja o seu líder, e afirmarem, de forma veemente firme e inequívoca, a sua exigência da realização de eleições antecipadas.
Considerando o actual contexto político, a CGTP-IN lança este apelo que considera de interesse geral para o País, e porque é necessário relevar as questões relativas ao trabalho, ao emprego, aos salários, às políticas sociais e porque considera viável e indispensável a construção de uma alternativa política, com políticas efectivamente alternativas que suportem e impulsionem uma estratégia de desenvolvimento do País.
O futuro dos trabalhadores e do País obriga-nos a formular um forte apelo a todos os democratas para que, no dia 6 de Julho (terça-feira) às 18:30 horas, estejam presentes nas concentrações que se vão realizar em diversas regiões, designadamente em Lisboa (Rossio) e no Porto (Praça da Liberdade).



Plenário de Sindicatos
Lisboa, 30 de Junho de 2004

 
11:29 0 comments
quinta-feira, julho 01, 2004
 


Uma bandeira de Portugal na janela por cada cidadão que exige eleições antecipadas!
Agora sim PORTUGAL EM ACÇÃO!
 
 
Um outro mundo é possível

José Manuel Durão Barroso (2002-2004)
António Manuel de Oliveira Guterres (1999-2002)

 
 


Hoje pelas 18:30 a LARANJA vai nua.
Pensam que vão decidir pelo país, mas Portugal já está na final.
 
 
Retirado da biblioteca "patrioteira" que nos envolve a todos, seguem duas perguntas:
Será que Durão Barroso pensa ser mais prestigiante o cargo de Presidente da Comissão Europeia, do que o de Primeiro-ministro de Portugal?
Será que alguém acredita que Durão Barroso na Comissão Europeia pode fazer mais por Portugal do que fazia enquanto Primeiro-ministro?

 
Notícias da Resistência | desde Agosto de 2003 m@il | tiagoms3@yahoo.com.br




  • "(...) porque Cavaco simboliza aquilo que mais náuseas me provoca: a banalização de tudo, o sucesso ranhoso e vazio, o atropelo dos valores e das pessoas, o autoritarismo descabelado, a demagogia, o nacional-carreirismo e os favores, a aldrabice e a cunha, a indiferença, o elogio da pirosice, a ignorância e a escandalosa nulidade cultural, etc, etc..."
    Al berto, "NEM MAIS - jornal do movimento de jovens apoiantes incondicionais de sampaio", 1995




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