A cábula.
Sempre a usei e defendi.
Para alguém que tem uma memória irregularmente selectiva, era um pesadelo ter de empinar toda uma ancestralidade de referências ditas de grande importância, mas que a Teimosa (memória) insistia em esquecer.
Por isso a cábula acompanhou o bom aluno até ao fim.
Hoje cada vez que tenho de debitar um discurso aparentemente mais articulado, lá vem a amiga da Teimosa, de uma forma mais institucional, mas, igualmente camuflada por temor de um professor mais zelador.
Depois de uma experiência de dezoito anos como aluno devo referir que existia uma certa proporcionalidade directa entre o bom professor ao qual a utilização da cábula era indiferente e uma proporcionalidade indirecta para com o mau professor inseguro que tinha no exame ou no teste a única forma de exercer o seu poder.
Mas esta reflexão tem sobretudo a ver com o problema de memória que ciclicamente me atinge quando em cada trimestre compro o Expresso.
Decidi que necessito de uma cábula.
Por isso, caro JAS, por mais que me revolte o estômago e me arrepie a espinha, irei guardar o teu último editorial assim como afixá-lo na porta de casa, para me recordar de não mais comprar o teu jornal!