Ao contrário do que foi proclamado, no início da década de oitenta, por ínumeros teóricos da escola neoliberal, o Estado encontra-se longe de estar enfraquecido e à beira da morte. Existe uma diferença abismal entre os conceitos de crise da autoridade do Estado e crise do Estado-Providência, correspondendo este último à alienação voluntária, por parte das autoridades públicas, de funções destinadas à satisfação das necessidades básicas das populações. Face ao aumento do desemprego e do subemprego, da pobreza e da miséria, é determinante a existência de um aparelho de controlo social que reprime as consequências destes fenómenos sociais. Como afirmou Thomas Friedman, um colunista do New York Times, a globalização económica para ser exequível tem de ser feita com um punho de aço. Em Portugal, existem sinais claros de que caminhamos por essa via. Nos últimos dias, ouvimos histórias de censura. Não nos referimos apenas ao já mítico caso do professor, mas também à apreensão dos servidores do Indymedia pelo F.B.I, ou ao encerramento de um blog que ousou publicar um relatório do SIS sobre a pedofilia em Portugal. Ouvimos o responsável pelo sistema prisional português a defender a diminuição das visitas permitidas a reclusos, de modo a combater o tráfico de droga dentro das prisões (parece assim querer ignorar a existência de redes criminosas dentro dos estabelecimentos prisionais, algumas das quais chefiados por funcionários prisionais). Assistimos, perplexos, à instauração de sistemas de videovigilância nas escolas, os quais incluem não só a instalação de câmaras, mas também o uso de cartões electrónicos, nos quais se registam os movimentos de entrada e saída dos estudantes. Todos estes acontecimentos constituem um prelúdio da construção de um mundo cada vez pior, no qual o lucro e o controlo social conseguem esmagar a liberdade e a solidariedade entre indivíduos.
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"(...) porque Cavaco simboliza aquilo que mais náuseas me provoca: a banalização de tudo, o sucesso ranhoso e vazio, o atropelo dos valores e das pessoas, o autoritarismo descabelado, a demagogia, o nacional-carreirismo e os favores, a aldrabice e a cunha, a indiferença, o elogio da pirosice, a ignorância e a escandalosa nulidade cultural, etc, etc..." Al berto, "NEM MAIS - jornal do movimento de jovens apoiantes incondicionais de sampaio", 1995