Okupas de MadridQuando vivi em Madrid frequentei uma casa ocupada fantástica – CSOA Laboratório II. Era a maior ocupação de Madrid e já estava no seu sitio, embora sempre no centro de Madrid e no mesmo bairro Lavapiés. O Alcaide de Madrid, da direita mais profundamente reaccionária e fascista, não conseguia fazer nada contra a força social daquela gente. O Labo, como chamavam, não era só constituído pelos advogados, historiadores ou artistas de rua que lá viviam, mas tinha a solidariedade de todos os vizinhos e forças políticas de esquerda (alguns deputados do PCE tinham-se declarados como okupas às forças policiais). Lembro-me que os pais não temiam deixar as crianças no Labo e eram frequentadores do seu “comedor popular”. A acções do Laboratório abrangiam o maior leque social e etário possível, sendo capazes de gerar solidariedades globais.
Soube, poucos meses após o meu regresso a Portugal em 1999, que tinham sido desalojados de uma forma violenta e sem prévia comunicação. Durante a madrugada fecharam o Bairro e circundaram o edifício, entraram, pilharam e bateram em tudo que se mexia. Alguns companheir@s conseguiram fugir para as casas dos vizinhos que lhes foram abrindo as portas pois as saídas de Lavapiés estavam bloqueadas. Passado um mês foi ocupado o CSOA Laboratório III, que já não conheci.