Tanta gente sem casa, tanta casa sem genteEm Portugal a ocupação, é uma acção maldita. É comumente tida, como uma forma de alguns se apropriarem de aquilo que é de outros. Assim as pessoas podem continuar indiferentes.
Em termos jurídicos, esta acção, nunca é tida como uma contradição entre o direito à habitação e o direito de propriedade. É sempre vista como um abuso e não como um direito.
No caso de Lisboa esta lógica ainda é mais surpreendente. Tanta gente à procura de casa, tanta gente a ir viver para as periferias e tanta casa sem gente, tanta casa que se vai arruinando até cair.
Um céle(b)re Governo disse-nos um dia, que a ruína das casas era motivada pelos baixos preços do aluguer e por isso tentou subir o preço dos arrendamentos urbanos. Embora a Lei não tenha vingado (nem o Governo) a ideia instalou-se na cabeça das pessoas, por forma a que até o outro partido o subscreva. Quando se olha para um edifício devoluto, como aquele quarteirão abandonado na Rua Augusta, pensa-se imediatamente no pobre senhorio que apenas recebe as baixas rendas das lojas do piso térreo e que espera ansiosamente que o Governo passe das rendas em Reis para Euros. Alguém há-de um dia pensar se aquele pobre senhorio, tem o direito de propriedade sobre a nossa cidade.
No momento em que se pensa numa coligação de esquerda para a cidade de Lisboa interrogo-me se nesta matéria “as esquerdas” não poderão ser demasiado dissonantes?