RandomBlog
quarta-feira, novembro 02, 2005
 
O dia mais longo de Dias Loureiro | Re-mataria
Passavam poucos minutos das cinco da manhã quando o telefone tocou. Do outro lado, um comandante da GNR avisava que a Ponte 25 de Abril estava bloqueada. Centenas de cidadãos barricaram-se em protesto pelo aumento das portagens. Dias Loureiro, na altura Ministro da Administração Interna, começava assim o dia mais longo da sua vida profissional. «Foram momentos dramáticos. É complicado tomar a decisão de avançar com a força, nunca se sabe o que vai acontecer. Foi, sem sombra de dúvida, o dia mais difícil da minha carreira» assegura o homem que, há 12 anos, enfrentou o bloqueio da ponte. E que hoje, garante, «faria tudo igual».
O então ministro de Cavaco Silva passou grande parte desse dia 21 de Junho de 1994 «sozinho». Entrou no gabinete às seis da manhã e ordenou que se mobilizasse um camião grua, o único meio capaz de retirar os camiões da ponte. «Mas a grua estava em Tancos e era impossível chegar antes das 15 horas». Entretanto, as filas de trânsito atingiam dimensões históricas, milhares de pessoas estavam impedidas de chegar ou sair da capital. E o primeiro-ministro estava fora do país. «Convidei outro ministro(*) para me acompanhar numa visita ao local, mas ele não aceitou», lembra Dias Loureiro, que aterrou no largo das portagens por volta das 10 horas. «Deixei claro que o Governo não ia conversar, queriamos a ponte desimpedida». Mas ninguém arredou pé. O ministro voltou para o ministério. «Foi a fase mais complicada do dia. Proibi que me dessem notícias para que o ruído não interferisse na minha decisão». Antes de avançar, falou com o Presidente da República, mas Mário Soares defendeu o direito à indignação. «A sua posição isolou-me», diz.
Acabaram por sair a mal. «Por volta das três da tarde, actuámos mesmo e as coisas compuseram-se», é como Dias Loureiro resume os confrontos entre manifestantes e polícia. No final, um rapaz ficou paraplégico, mas «as coisas podiam ter sido mais graves». Quando chegou a casa, Dias Loureiro tomou um banho e deitou-se, «com a sensação de que tinha feito aquilo que devia fazer», remata.

(*) Ferreira do Amaral

in Público, Suplemento DIAD, 31.10.2005
 
Comments:
em africa agora da suica e que e bom sera que tas la?
 
Só não entendi o comentário deste filho da puta... Podem-me explicar, por favor. Obrigado
 
Enviar um comentário

<< Home
Notícias da Resistência | desde Agosto de 2003 m@il | tiagoms3@yahoo.com.br




  • "(...) porque Cavaco simboliza aquilo que mais náuseas me provoca: a banalização de tudo, o sucesso ranhoso e vazio, o atropelo dos valores e das pessoas, o autoritarismo descabelado, a demagogia, o nacional-carreirismo e os favores, a aldrabice e a cunha, a indiferença, o elogio da pirosice, a ignorância e a escandalosa nulidade cultural, etc, etc..."
    Al berto, "NEM MAIS - jornal do movimento de jovens apoiantes incondicionais de sampaio", 1995




    REDE DE BLOGUES ANTI-CAVACO (em criação...)

  • CAVACO FORA DE BELÉM
  • STOP CAVACO
  • HIPER CAVACO
  • O VOTO É A ARMA DO POVO
    Nome:
    Localização: Lisboa, Portugal
    ARQUIVOS
    08/2003 - 09/2003 / 09/2003 - 10/2003 / 10/2003 - 11/2003 / 11/2003 - 12/2003 / 12/2003 - 01/2004 / 01/2004 - 02/2004 / 02/2004 - 03/2004 / 03/2004 - 04/2004 / 04/2004 - 05/2004 / 05/2004 - 06/2004 / 06/2004 - 07/2004 / 07/2004 - 08/2004 / 08/2004 - 09/2004 / 09/2004 - 10/2004 / 10/2004 - 11/2004 / 11/2004 - 12/2004 / 12/2004 - 01/2005 / 01/2005 - 02/2005 / 02/2005 - 03/2005 / 03/2005 - 04/2005 / 04/2005 - 05/2005 / 05/2005 - 06/2005 / 06/2005 - 07/2005 / 07/2005 - 08/2005 / 08/2005 - 09/2005 / 09/2005 - 10/2005 / 10/2005 - 11/2005 / 11/2005 - 12/2005 /




    Powered by Blogger




  • LINKS
  • ÀS DUAS POR TRÊS
  • BERRA BOI
  • DIAS VAGABUNDOS
  • ENTRE SONHOS
  • LA PIPE
  • SPECTRUM
  • TITAML
  • SOCIOCRACIA
  • LES UNS ET LES AUTRES
  • DESCRÉDITO
  • BOAS INTENÇÕES
  • EM ORBITA
  • FILHO DO 25 DE ABRIL
  • TESSITURAS
  • AQUI QUEM FALA SOU EU